domingo, 28 de abril de 2013

Violência Obstétrica: A voz das brasileiras.

Por: Raquel em 25 de novembro de 2012 – 15:23
Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres
Hoje em dia muito se ouve sobre a violência doméstica, violência contra a mulher, violência contra crianças, e todos os dias vemos campanhas de conscientização e pessoas lutando contra isso.
Mas não nos atentamos para uma realidade terrível em nosso país: Uma em cada quatro mulheres sofre violência no parto. Mulheres que são maltratadas, mulheres que tem seu parto roubado, médicos que se aproveitam da fragilidade da mulher no período de gestação para empurrar uma cirurgia totalmente desnecessária, bebês que são retirados antes da hora e sofrem todo o tipo de procedimentos invasivos e desnecessários. E tudo isso é simplesmente ROTINA.
Isso tem que ter um fim!
A saúde no Brasil está uma vergonha, e mais vergonhoso ainda é tudo isso ser tratado como normal.
E para combater a violência obstétrica um grupo de mulheres, ativistas pela humanização da assistência ao parto, usuárias, profissionais de saúde e pesquisadoras da saúde pública, se uniram para tirar toda a sujeira de baixo do tapete e mostrar o que realmente acontece dentro dos hospitais, públicos e particulares.

No final da minha gestação fui levada a acreditar que não poderia esperar meu trabalho de parto. Sem apoio nenhum e super fragilizada pelo final da gravidez, além do medo de que alguma coisa acontecesse ao meu bebê aceitei agendar a cirurgia. Meu bebê nasceu muito saudável, graças a Deus, mas muito pequenininho, eu estava anestesiada da cintura para baixo, por conta da cirurgia, e com os dois braços amarrados na mesa de cirurgia com uma cinta de velcro. Não pude tocar no meu bebê quando ele nasceu. Me mostraram e levaram ele de mim e fiquei mais de 3 horas sem nem saber se ele estava bem ou não, e depois disso 15 longos dias de muita dor na recuperação de uma cirurgia desnecessária e com um bebêzinho totalmente dependente de mim pra cuidar.
“O parto é da mulher”
O que eu tinha sonhado pra mim? Entrar em trabalho de parto, ter meu filho de parto normal, pega-lo imediatamente em meu colo, amamentá-lo nos primeiros minutos de vida… mas não. Não senti minha gravidez chegar ao fim, é como se num dia eu estivesse gravida e no dia seguinte, puff, tenho um nenê no meu colo e nem sei direito como ele veio parar aqui.
Um dia ainda pretendo escrever um relato contando detalhadamente o dia do nascimento do meu filho, mas hoje ainda não me sinto preparada emocionalmente pra isso. Confesso que ainda me dói o meu não parto e ainda choro quando lembro que nada aconteceu conforme eu desejei.
É por isso que hoje eu visto a camisa e entro junto nessa luta contra a cesarea eletiva e contra a violência obstétrica.
As mulheres que falam que tem medo da dor do parto na verdade tem medo da violência que grande parte sofre nos hospitais. Essas mulheres não são informadas dos riscos e da recuperação da cirurgia.
Se você sofreu alguma violência durante seu trabalho de parto e/ou parto, compartilhe sua história, ajude-nos a mudar essa realidade. Isso também é violência contra a mulher e tem que ser combatido.
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